“(…) Não sei se já observastes o poente, ou a serena dignidade de uma árvore, ou os contornos de uma ave a voar. O observar exige quietude; exige da mente a capacidade de estar em silêncio, de não ficar incessantemente a tagarelar entre si. Para observar, necessita-se de um certo silêncio. E não se pode ter silêncio, se a mente, no ato de observar, está a ‘projetar’ suas próprias idéias, esperanças, temores. Assim, para podermos observar a estrutura social em que vivemos, e promover uma radical transformação nessa sociedade, devemos primeiramente observar o que é, e não o que desejamos que a sociedade seja.
Porque a sociedade em que vivemos, nós mesmos a criamos e por ela somos responsáveis — cada um de nós. Ela não se tornou existente pela ação de forças fictícias, espirituais. Nasceu de nossa avidez, de nossa ambição, de nossos gostos, aversões, e inimizades pessoais, de nossas frustrações, de nossa busca de poder e de satisfação. Nós criamos as religiões, as crenças, os dogmas, premidos pelo medo. É nessa sociedade que estamos vivendo. E o indivíduo, ou foge dessa sociedade (de que ele faz parte) porque é incapaz de compreendê-la ou de transformá-la; ou se deixa absorver de tal maneira em suas próprias tribulações, que perde todo o interesse nessa exigência fundamental da mente humana de que ela (a sociedade) se transforme. (…)”
Editora: cultrix
Língua: português
Encadernação: brochura
ISBN:
Ano: 1974
Formato: 13 x 19 cm
Peso: 0,500 kg
Número de páginas: 259
ATENÇÃO: Livro usado
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